Podcast “A Voz das Mulheres IFFar” reforça o protagonismo feminino em São Borja

 
^{Mídia sonora dá voz ao protagonismo feminino em projeto de extensão do IFFar – Campus São Borja. Foto: Divulgação/Sabrine Amaral Martins}

Desenvolvido por professoras e estudantes dos cursos técnicos integrados ao ensino médio, o projeto aposta na educação pela e com a mídia como estratégia de formação cidadã. A proposta é simples e potente: usar o formato de podcast para discutir igualdade de gênero, empoderamento feminino e histórias inspiradoras de mulheres que fazem parte da comunidade acadêmica e social de São Borja.

A coordenadora do projeto, professora Sabrine Amaral Martins, explica que a proposta nasce do desejo de ampliar o espaço de fala das mulheres e fortalecer a representatividade feminina dentro da instituição. “Esse empoderamento é uma possibilidade de mulheres se reconhecerem como parte da história que está sendo construída e exercerem sua voz em espaços que historicamente elas vinham sendo invisibilizadas. Empoderar-se, ao meu ver, significa ampliar a presença, a escuta e o protagonismo das alunas, de nós servidoras e egressas nas decisões, nas práticas dentro da instituição e nos espaços de fala”, afirmam.

Segundo Sabrine, o podcast tem sido também um espaço de valorização e reconhecimento. “O projeto ‘A Voz das Mulheres IFFar’ ajuda a criar essa conscientização do nosso poder e do nosso papel, bem como cria um ambiente de valorização das experiências femininas. Por meio do podcast, as mulheres puderam narrar suas vivências, refletir sobre desafios e conquistas e, dessa forma, percebem-se como agentes transformadoras dentro e fora do IFFar”.

Vozes que inspiram
A cada episódio, o podcast apresenta trajetórias de mulheres que enfrentaram desafios e se destacaram em diferentes áreas. As entrevistas já realizadas incluem a professora Carolina Scalco Pinheiro, que reflete sobre o significado de ser uma mulher empoderada, e Maria Luisa Gelatti, egressa do curso Técnico em Eventos e eleita Miss Trans Diversidade 2025. “Quando elas me perguntaram ‘como é ser uma mulher empoderada’, percebi que muitas vezes não nos enxergamos assim. Foi uma conversa que me fez pensar sobre a minha própria trajetória”, contou Carolina.

A professora Jéssica Carvalho, egressa do curso de Sistemas de Informação, também entrevistada, destacou o quanto foi significativo poder narrar sua história: “Como mulher negra, muitas vezes nossa trajetória é silenciada. No podcast, encontrei um espaço de valorização e acolhimento”.


^{Extensionistas do projeto gravam podcast com Maria Luisa Gelatti, egressa do curso Técnico em Eventos do IFFar e eleita Miss Trans Diversidade 2025. Foto: Divulgação/Sabrine Amaral Martins}

Sabrine ressalta que o encontro entre mulheres com trajetórias tão distintas é um dos pontos altos da experiência. “Reunir mulheres de trajetórias diversas tem se mostrado uma experiência muito enriquecedora, no que tange o quesito pedagógico e humano. O projeto tem proporcionado o conhecimento da pluralidade das experiências femininas e evidencia que não há uma única forma de ser mulher, mas múltiplas vozes, histórias e identidades. Esse encontro entre gerações permite que nós todas aprendamos com as vivências de outras mulheres e, ao mesmo tempo, percebamos que também temos algo valioso a compartilhar”, reflete.

Protagonismo feminino na prática
A iniciativa envolve diretamente cinco estudantes responsáveis por todas as etapas da produção, da escolha das pautas à gravação e edição dos episódios. O processo é acompanhado por professoras das áreas de Linguagens, que orientam as estudantes a transformar cada episódio em uma ação de extensão e comunicação pública.

Para Rilary Lucero, aluna do curso Técnico em Informática integrado ao ensino médio, participar do projeto tem sido uma experiência de empoderamento pessoal e coletivo: “Entrei em um curso majoritariamente masculino e percebi como o desempenho das mulheres nem sempre é reconhecido. O podcast me fez entender que isso é estrutural e me deu voz para transformar essa vivência em acolhimento e inclusão”.

Já Isadora Welter de Morais, estudante do curso Técnico em Eventos integrado ao ensino médio, afirma que o projeto mudou sua forma de enxergar o mundo: “Entrevistar mulheres incríveis me fez perceber o quanto elas são fortes e inspiradoras. Ver essas histórias sendo compartilhadas é o que faz tudo valer a pena”.

A professora Sabrine complementa que o processo formativo vai além da técnica. “⁠O podcast se consolida como um espaço educativo ao articular o aprendizado de roteirização, gravação e edição com o desenvolvimento de competências socioemocionais e cidadãs. Na produção dos episódios, as estudantes aprendem a pesquisar fontes confiáveis, construir argumentos e expressar suas ideias. Ainda, ao discutir os temas ligados à igualdade de gênero, elas desenvolvem empatia, senso de justiça e consciência social, valores essenciais para a formação cidadã”.

Para a coordenadora, essa integração entre técnica e reflexão social dá ao projeto uma dimensão transformadora: “O podcast transcende o ensino técnico, seja de eventos e/ou de informática, e se torna um meio de formação integral, promovendo a aprendizagem e a transformação pessoal”.

Educação, mídia e transformação
O podcast “A Voz das Mulheres IFFar” é um espaço de aprendizagem e de construção de cidadania. O projeto articula os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com destaque para o ODS 5 – Igualdade de Gênero, o ODS 4 – Educação de Qualidade e o ODS 10 – Redução das Desigualdades.

Os episódios, disponíveis no Spotify, têm alcançado a comunidade acadêmica e externa, somando cerca de 300 ouvintes. O conteúdo também passará a ser divulgado no Instagram do projeto, ampliando o alcance e fomentando o debate sobre gênero e diversidade.

“Acredito que ao se verem representadas e ouvirem histórias de superação e protagonismo, alunas e servidoras passam a reconhecer seu próprio potencial e a importância de ocupar espaços de fala, liderança e decisão, fortalecendo sua autoestima e senso de coletividade”, comenta Sabrine.

Segundo a coordenadora, a iniciativa mostra como o uso pedagógico da mídia pode contribuir para a formação de cidadãos críticos e engajados: “A produção de conteúdo transforma o modo como os alunos percebem o mundo. Eles passam a entender que comunicar também é educar”.

O projeto segue em andamento com novas entrevistas no campus São Borja. Em um mundo em que a voz feminina ainda precisa disputar espaço, o podcast ecoa como um convite à escuta e à ação.

Secom, com informações das integrantes do projeto “A Voz das Mulheres IFFar”.