IFFar promove ações em alusão ao Dia Nacional de Segurança e Saúde nas Escolas
Com foco na saúde mental, o IFFar promove ações em alusão ao Dia Nacional de Segurança e Saúde nas Escolas. A iniciativa propõe reflexões sobre bem-estar, convivência e o enfrentamento de violências, do bullying e do cyberbullying, nos espaços educativos.

O 10 de outubro é uma data marcada pelo compromisso coletivo com o bem-estar de quem ensina e aprende. Instituído pela Lei nº 12.645/2012, o Dia Nacional de Segurança e Saúde nas Escolas convida instituições de ensino de todo o país a promoverem ações educativas voltadas à prevenção de acidentes, doenças e situações de violência no ambiente escolar.
No IFFar, a data ganha um significado especial. Neste ano, a Pró-Reitoria de Ensino (Proen), a Diretoria de Assistência Estudantil (DAE) e o Comitê de Não Violência (CNV) escolheram como tema central “Saúde mental da comunidade acadêmica”, acompanhada do lema “IFFar saudável e seguro: compromisso de todos, cuidado de cada um”.
Reflexões sobre bem-estar e convivência
A iniciativa surge em um contexto de crescente preocupação com o equilíbrio emocional de estudantes, docentes e técnicos. De acordo com a Proen, a proposta é estimular formações e rodas de conversa que abordem temas como saúde mental, cyberbullying, prevenção da violência escolar e convivência saudável.
A programação, que se estenderá ao longo do mês de outubro, dialoga com outras ações já realizadas pela instituição em 2025, como o I Conviver no IFFar, o III Encontro dos Servidores da Assistência Estudantil, e a V Formação das Lideranças Estudantis, VII Seminário de Educação, Diversidade e Inclusão. Todas essas iniciativas buscam reforçar o compromisso do IFFar com a criação de ambientes educativos seguros, acolhedores e livres de violência.
A psicóloga Graciele Dotto Castro, do IFFar – Campus São Vicente do Sul, destaca que a discussão sobre saúde mental na educação é um desafio histórico e necessário. Segundo ela, “a temática da saúde mental na escola nunca foi tratada como prioritária na educação, sua inserção é lenta e recente. Em contrapartida, o processo de aprendizagem está diretamente relacionado a condições de saúde física e mental. Observamos, no ambiente escolar, em especial após a pandemia, elevação contínua no número de estudantes em sofrimento psíquico, com múltiplas sintomatologias que interferem no ato de estar em sala de aula e de aprender”.
Graciele ressalta ainda que o acolhimento e a sensibilidade institucional são essenciais para enfrentar esse cenário. “Pensar em espaços sensíveis e acolhedores às demandas específicas dos estudantes pode mudar esse cenário, quebrando estigmas ligados à saúde mental, promovendo o bem-estar e a melhoria no desempenho acadêmico e social, prevenindo sofrimento psíquico e transtornos mentais e garantindo o lugar de direito dos estudantes: a escola segura e acolhedora. Como um dos elementos que implica diretamente na evasão e na retenção escolar, o tema da saúde mental e a prática do acolhimento não podem ser de responsabilidade restrita de um ou poucos servidores. Precisa compor a instituição em sua integralidade, de modo a incidir na cultura institucional e no modo de agir de cada um”, reforça a psicóloga.
Da sala de aula às redes: novas formas de cuidado
A discussão sobre segurança e saúde nas escolas também se estende ao universo digital, especialmente diante da presença cada vez maior de crianças e adolescentes nas redes. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, 93% da população de 9 a 17 anos é usuária de internet no país, o que representa cerca de 25 milhões de crianças e adolescentes conectados.
O levantamento aponta ainda que 23% desses jovens acessaram a internet pela primeira vez até os seis anos de idade, enquanto em 2015 essa proporção era de 11%. O smartphone permanece como o principal dispositivo de acesso à internet, utilizado por 98% dos usuários. Entre os jovens das classes D e E, para 77% o telefone celular é o único meio de conexão.
Esses números ajudam a compreender um cenário em que a vida escolar se entrelaça com o ambiente digital. O uso constante de dispositivos eletrônicos, embora essencial para a comunicação e o aprendizado, também traz novos desafios relacionados à saúde mental, à concentração e à convivência.
O excesso de tempo diante das telas, somado às pressões das interações sociais e ao ritmo acelerado da informação, pode contribuir para situações de isolamento, ansiedade, bullying e cyberbullying. Essas práticas, agora reconhecidas como crimes pela Lei nº 14.811/2024, reforçam a importância de promover educação digital, empatia e respeito desde cedo, formando cidadãos críticos e conscientes sobre seus comportamentos on-line e offline.
Cyberbullying e os impactos na saúde mental
Graciele alerta para os efeitos graves do cyberbullying, prática que atinge principalmente adolescentes e ocorre em ambientes virtuais. “Por ser uma prática agressiva, geralmente realizada por adolescentes, em ambientes virtuais, que envolve ato de intimidação, humilhação, perseguição e ou calúnia e difamação, os efeitos podem ser muito significativos sobre as vítimas e as marcas afetar a vida toda”, explica a psicóloga.
Ela destaca que o problema pode gerar desdobramentos emocionais e sociais profundos. “Podem afetar o rendimento e a permanência, a autoestima e a constituição da identidade, as relações interpessoais; pode gerar a busca de alívio no uso de álcool e de drogas ilícitas, outras violências, como a física, e sofrimento psíquico que culmina em quadro de adoecimento mental, como o transtorno depressivo, o de ansiedade e o de pânico, a automutilação e a tentativa de suicídio”, completa.
Projetos que promovem saúde e acolhimento
Para além da prevenção, Graciele destaca que diversas iniciativas nos campi do IFFar têm contribuído diretamente para o bem-estar da comunidade acadêmica. “É importante destacar que há diversas formas de trabalhar a saúde mental na escola, quando esta se constitui um espaço motivador para atividades em amplas áreas do conhecimento. Para além da área do conhecimento científico e profissional, a participação dos estudantes em projetos de pesquisa, ensino e extensão pode contribuir para o desenvolvimento socioemocional dos participantes, ainda que não tenham como foco a saúde mental”.
Entre os exemplos, Graciele cita três iniciativas desenvolvidas no Campus São Vicente do Sul que contribuem diretamente para o cuidado físico e emocional da comunidade acadêmica. Segundo ela, “a primeira é o Projeto Educação Multidisciplinar em Saúde, realizado pelos membros do Núcleo de Saúde e voltado ao público discente, com ações de promoção, prevenção e educação em saúde, além de estratégias de autocuidado e discussão sobre os sinais de risco em saúde mental”.
A psicóloga também destaca outras experiências que fortalecem o acolhimento e o diálogo no ambiente educacional: “O projeto Práticas Restaurativas, direcionado aos discentes, tem como objetivo o acolhimento dos estudantes e, quando necessário, a restauração de conflitos ou outras temáticas. Já o projeto Círculos de Acolhimento para Servidoras e Servidores do Campus São Vicente do Sul busca inspirar condutas acolhedoras e compassivas nos participantes”.
Compromisso institucional com o cuidado e a convivência
Para Camile Aves Cezar, assistente social da DAE e presidente do Comitê de Não Violência do IFFar, o Dia Nacional de Segurança e Saúde nas Escolas é uma oportunidade de reflexão coletiva. Ela lembra que “a importância dessa discussão se evidencia pela Lei Federal nº 12.645/2012, que instituiu uma data voltada ao desenvolvimento de ações promotoras de conscientização e prevenção de doenças, acidentes e manifestações de violência no contexto escolar. Essa iniciativa visa contribuir para uma convivência saudável, segura e pacífica nos ambientes educativos”.
Camile ressalta que o tema escolhido pelo IFFar para 2025 está alinhado a esse propósito. “A escolha da temática se justifica pela urgência em promover debates e encaminhamentos sobre questões como o bem-estar psicológico de estudantes e servidores, a harmonização das relações interpessoais e a prevenção e combate a situações-problema, como bullying, cyberbullying e episódios de violência extrema no ambiente escolar”, explica.
Ela destaca ainda que o tema “Saúde mental da comunidade acadêmica”, acompanhado do lema “IFFar saudável e seguro: compromisso de todos, cuidado de cada um”, simboliza um chamado ao envolvimento de toda a comunidade. “Destacamos o compromisso do IFFar para o ano de 2025 como um momento privilegiado de reflexão sobre saúde mental e convivência saudável e pacífica, promovendo o envolvimento de toda a comunidade acadêmica em ações que favoreçam a saúde e a segurança no entorno institucional”, complementa.
Mobilização nos campi
Durante o mês de outubro, os campi do IFFar estão sendo incentivados a desenvolver atividades formativas e educativas relacionadas ao tema. Estão previstas palestras, rodas de conversa e ações integradas entre estudantes e servidores.
A proposta nacional, inspirada pelo trabalho do técnico em segurança do trabalho Orlandino dos Santos, idealizador da Lei nº 12.645/2012, mantém viva a missão de incluir a temática da segurança e saúde em todos os níveis de ensino, como prevê a Convenção nº 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em 2025, o tema nacional definido pela OIT e pelo Ministério do Trabalho é “Resíduos Sólidos Urbanos – Cuidar da gente e do meio ambiente”, reafirmando a ideia de que cuidar do espaço e das pessoas é um exercício de cidadania.
Secom
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