Seminários do Pesquisador e da Pós-graduação reforçam a força científica do IFFar
Do ambiente da sala de aula às atividades de campo e aos laboratórios, a pesquisa realizada no IFFar demonstra que ciência e comunidade caminham juntas. Essa foi a marca do IX Seminário do Pesquisador e do IX Seminário da Pós-Graduação, realizados em 22 e 23 de setembro, no Recanto Maestro, em Restinga Sêca.

Seminários do Pesquisador e da Pós-Graduação reuniram servidores de todos os campi do IFFar para discutir e valorizar a ciência.
Durante dois dias, servidores, estudantes e convidados compartilharam práticas de investigação científica, debateram inovação e discutiram a formação acadêmica que fortalece as comunidades e dialoga com a produção científica em diferentes áreas do conhecimento. Promovidos pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPPGI), os eventos buscaram ampliar a troca de experiências e valorizar o trabalho de quem faz ciência dentro da instituição.
Valorização e compromisso coletivo
Para a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Thirssa Helena Grando, os seminários tornaram-se um espaço para reconhecer o esforço de quem sustenta a pesquisa no dia a dia, mesmo diante de limitações. “Embora nem sempre a instituição consiga oferecer a carga horária, a infraestrutura ou a valorização financeira ideais, a pesquisa e a pós-graduação no IFFar avançam graças ao empenho coletivo. Vocês seguem fazendo tudo isso com dedicação e propósito, porque acreditam, assim como nós, que o objetivo maior de uma instituição de ensino são os nossos estudantes”, afirmou.
Thirssa também destacou a relevância da pesquisa para a captação de recursos e para os indicadores institucionais. “Sabemos o quanto a iniciação científica e os projetos impactam na formação integral dos alunos e na construção da educação de qualidade que buscamos oferecer”, completou.
Ciência conectada à sociedade
A reitora Nídia Heringer enfatizou que encontros como o Seminário do Pesquisador e o Seminário da Pós-Graduação são mais do que simples agendas acadêmicas: representam um momento estratégico de avaliação e planejamento para toda a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Ela definiu o evento como uma “parada necessária” no ritmo intenso das atividades do IFFar, um convite para que a comunidade acadêmica olhe para dentro e, ao mesmo tempo, para o entorno social em que está inserida.

Professora Nídia Heringer, reitoria do IFFar, esteve presente na cerimonia de abertura do Seminário do Pesquisador e da Pós-Graduação.
Segundo Nídia, a pesquisa desenvolvida no IFFar tem a responsabilidade de dialogar com a realidade brasileira, marcada por desafios econômicos, culturais e ambientais que exigem soluções inovadoras. “Não podemos esquecer nunca que a pesquisa que fazemos se vincula ao mundo em que vivemos. A ciência e a inovação precisam dialogar com a realidade social e com os compromissos que assumimos como servidores públicos”, afirmou, destacando que esse compromisso vai desde a formação dos estudantes até a contribuição efetiva para o desenvolvimento das comunidades na qual a Instituição se encontra.
A reitora lembrou que a instituição está presente em diferentes municípios gaúchos e que cada campus vive de perto as demandas de suas comunidades, seja no campo, na indústria ou nos serviços. Para a reitora, essa capilaridade faz da pesquisa um instrumento de transformação social e de fortalecimento da cidadania.
Os desafios da pós-graduação e da pesquisa na Rede Federal
A análise dos indicadores da pós-graduação foi um dos destaques desta edição do Seminário da Pós-Graduação e do Seminário do Pesquisador do IFFar. A conferência “Os desafios da pós-graduação e da pesquisa na Rede Federal” reuniu o professor André Romero da Silva, do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), e a professora Jaline Gonçalves Mombach, do IFFar, para discutir a expansão dos programas, as desigualdades regionais e os impactos sociais das políticas públicas de formação em nível stricto sensu.
O debate evidenciou o avanço da Rede Federal na criação de mestrados e doutorados nos últimos anos, especialmente na modalidade profissional, e chamou atenção para o papel estratégico da pesquisa no desenvolvimento regional. Ao comentar os dados apresentados durante o evento, o professor André Romero destacou o crescimento expressivo dos programas de pós-graduação e o potencial de expansão da modalidade profissional dentro dos Institutos Federais. “Os números têm mostrado esse crescimento dos programas de mestrado e doutorado na nossa rede. Espero que, sobretudo, os mestrados e doutorados profissionais cresçam ainda mais, e que esse número aumente em cada uma das instituições”, observou.

Professor André Romero da Silva compartilha informações sobre os dados do ensino de pós-graduação nos Institutos Federais.
Ele lembrou que, até pouco tempo atrás, o Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) era o único programa presente em muitas instituições. Romero também ressaltou a necessidade de interiorizar a pós-graduação, superando a concentração dos cursos nas regiões metropolitanas. “Infelizmente, a pós-graduação ainda se concentra nas capitais. O nosso papel como educadores é garantir a mesma qualidade de ensino e de pesquisa para quem vive no interior. Para isso, precisamos fortalecer a pesquisa fora dos grandes centros”, afirmou.
Segundo o docente do IFES, ações estruturantes, como programas de incentivo à produtividade e à formação docente, são essenciais para reduzir as desigualdades e consolidar a pesquisa nas regiões mais afastadas. “Não nasce uma pós-graduação do nada. É preciso fortalecer a pesquisa no interior, desenvolver pesquisadores e formar pessoas para que possam compreender o papel delas diante das demandas da sociedade e do setor produtivo”.
Encerrando sua fala, o professor destacou que os números da pós-graduação representam mais do que estatísticas: refletem políticas públicas, trajetórias e investimentos. “Os dados não são apenas estatísticos, eles refletem vidas, investimentos e políticas públicas. Precisamos olhar para eles como uma ferramenta estratégica de planejamento, que permita pensar o futuro com base em evidências e formação qualificada”.
Destaques do evento e Pesquisadores premiados
Além de palestras e oficinas, o evento contou com duas premiações. A primeira reconheceu os três melhores trabalhos apresentados e avaliados durante o seminário. A segunda, novidade desta edição, foi o Prêmio Pesquisador Destaque do IFFar, que contemplou quatro grandes áreas do CNPq.
Os trabalhos premiados no evento foram realizados por Ademir Fick, especialista pelo curso de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação; pela professora Giovana Damian Barbará da Silva, discente do ProfEPT; e pela professora Mariana Lopes Dal Ri, docente do Campus Alegrete e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências da UFSM.
Entre os trabalhos apresentados e reconhecidos pelos avaliadores, destacou-se o estudo de Giovana Damian Barbará da Silva, professora substituta do Campus Júlio de Castilhos e mestranda do ProfEPT. A pesquisa, intitulada “Práticas educativas na permanência e êxito: um estudo na EJA Integrada à Educação Profissional e Tecnológica”, busca compreender como práticas educativas reconhecidas pelos próprios alunos podem contribuir para reduzir a evasão e ampliar a permanência na Educação de Jovens e Adultos.
Segundo Giovana, a proposta parte de uma inversão no olhar sobre a EJA: “O foco do meu projeto de pesquisa é a permanência e o êxito dos estudantes. Os números de evasão são conhecidos, mas quero partir daqueles que concluíram a etapa e alcançaram o tão almejado êxito, seja no ingresso em cursos superiores, em concursos ou como empreendedores”. Ela acrescenta que momentos como este evento fortalecem a atuação como pesquisadora: “Encontros como esse nos fazem sair da rotina, trocar ideias e confraternizar com outros pesquisadores. Ser reconhecida como pesquisadora, recebendo menção honrosa, aumenta meu compromisso e responsabilidade em entregar resultados efetivos”.
Outro trabalho premiado foi apresentado por Ademir Fick, especialista pelo curso de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação do Campus Panambi. Ele desenvolveu a pesquisa “Assembleias de aves noturnas em florestas naturais e plantadas na ecorregião da Floresta de Araucária”, que analisou a ocorrência de aves como corujas, bacuraus e urutaus em diferentes tipos de vegetação.
Ademir Fick ao lado do professor Anderson Saldanha Bueno, orientador, durante o Seminário do Pesquisador.
Ademir explicou que a investigação foi realizada na Floresta Nacional de Passo Fundo, com uso de gravadores autônomos: “Buscamos registrar as aves noturnas em três ambientes distintos: a floresta nativa, plantios de araucária e áreas de pinus. Os resultados mostraram que a vegetação natural sustenta um número maior de espécies, além de revelar padrões diferentes de vocalização durante a noite”. O pesquisador destacou ainda a relevância da experiência: “Foi muito gratificante ter meu trabalho mencionado como destaque. Esse espaço nos permite mostrar o conhecimento que está sendo construído dentro dos IFs e divulgar nossas descobertas para a comunidade acadêmica”.
Também entre os destaques, a professora Mariana Lopes Dal Ri, do IFFar - Campus Alegrete, foi reconhecida pela pesquisa que investiga como docentes e estudantes se apropriam pedagogicamente dos espaços maker nos Institutos Federais. O estudo busca compreender de que forma a inovação educacional se concretiza no cotidiano e como esses espaços podem promover uma transformação pedagógica que vá além da técnica, alcançando dimensões sociais, políticas e epistemológicas da educação.
De acordo com Mariana, os resultados teóricos apontam para a necessidade de deslocar o foco do produto para o processo, evitando que os laboratórios se tornem apenas vitrines tecnológicas sem contribuição efetiva para a formação. A docente observa que há uma raiz tecnicista ainda presente nas práticas institucionais, o que reforça a urgência de criar indicadores que orientem políticas de apropriação pedagógica. Nesse contexto, ela identifica duas tendências principais: usos instrumentais, mais episódicos e pouco integrados ao currículo, e experiências emancipatórias, centradas na autoria, na colaboração e na ressignificação das práticas educativas.

Professora Mariana Lopes Dal Ri durante apresentação de pesquisa durante o seminário do Pesquisador.
Para a pesquisadora, o reconhecimento no evento reafirma o papel do IFFar como espaço de formação, diálogo e cooperação científica. “Espero que as próximas edições mobilizem não apenas projetos consolidados, mas também processos de formação para colegas e servidores que ainda permanecem à margem das oportunidades de pesquisa”, destacou. Ela também ressaltou a importância de valorizar a ciência produzida nas áreas humanas, sociais e educativas, fundamentais para sustentar as bases éticas e críticas de qualquer inovação.
Mariana acrescentou ainda que o projeto de tese, apresentado e reconhecido no evento, foi selecionado na fase interna do PPGeCi/UFSM para o edital PDSE/CAPES, com cooperação internacional confirmada junto ao Center for Open Digital Innovation and Participation (CODIP) da Technische Universität Dresden, na Alemanha.
Os agraciados com o Prêmio Pesquisador Destaque do IFFar foram: o professor Anderson Saldanha Bueno, do Campus Júlio de Castilhos, na área de Ciências Biológicas; o professor Felipe Ketzer, do Campus Panambi, na área das Engenharias; a professora Rúbia Emmel, do Campus Santa Rosa, na área de Ciências Humanas; e a professora Sabrine Amaral Martins, do Campus São Borja, na área de Letras, Linguística e Artes.
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