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Estudante do IFFar leva protagonismo LGBTQIA+ de São Borja à Conferência Estadual em Porto Alegre

Publicado em Sexta, 08 de Agosto de 2025, 10h00 | por Secretaria de Comunicação | Voltar à página anterior

Vivência transformadora levou jovem a refletir sobre representatividade, educação pública e construção coletiva de políticas de diversidade

4ª Conferência Estadual LGBTQIA+ do Rio Grande do Sul
Fernando Farias, estudante do IFFar – Campus São Borja, durante a votação de propostas na 4ª Conferência Estadual LGBTQIA+, em Porto Alegre. Foto: Giovanni Disegna | ASCOM/SJCDH

De São Borja a Porto Alegre, Fernando Farias constrói caminhos entre a política, a cultura e a educação ao transformar vivências LGBTQIA+ em pesquisa, cidadania e protagonismo juvenil. Estudante do curso de Gestão em Turismo do IFFar – Campus São Borja, ele participou, entre os dias 1º e 3 de agosto, da 4ª Conferência Estadual LGBTQIA+ do Rio Grande do Sul.

Com o tema “Construindo a Política Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+”, o evento reuniu mais de 380 participantes de diversas regiões do estado. A programação incluiu rodas de conversa, debates, apresentações culturais e a entrega do Troféu RS Diversidade, que homenageou lideranças atuantes na defesa dos direitos da comunidade.

O encontro teve como objetivo aprovar diretrizes para o Plano Estadual de Promoção dos Direitos Humanos e da Cidadania da População LGBTQIA+.

Para Fernando, que participou pela primeira vez de uma conferência desse tipo, a experiência foi transformadora. “Voltei diferente do que fui: mais forte, mais consciente e mais certo do meu papel como pessoa LGBTQIAPN+ na luta por direitos”, resume. Morador do interior do estado, ele lembra que o deslocamento até Porto Alegre foi cansativo, mas recompensador. “Vale cada segundo. Aprendi a escutar, a debater e, principalmente, a valorizar minha voz”.

Pessoa transmasculina e aluno do IFFar, Fernando destaca o orgulho de ter representado São Borja e o campus na conferência. “Estar ali, ao lado de tantas referências que admiro, me fez entender ainda mais o meu papel como jovem, ativista e estudante. Como aluno do curso de Gestão de Turismo no IFFar, me senti orgulhoso de poder levar as demandas que discutimos e pontuamos em São Borja e mostrar que nós, estudantes do interior e do ensino público, temos muito a contribuir nesse tipo de espaço”.

4ª Conferência Estadual LGBTQIA+ do Rio Grande do Sul
Delegados da 4ª Conferência Estadual LGBTQIA+ representam a diversidade das regiões do RS. Entre eles, Fernando Farias, estudante do IFFar – Campus São Borja. Foto: Giovanni Disegna | ASCOM/SJCDH

A participação de Fernando na etapa estadual foi viabilizada pelo Movimento Social Girassol, que organizou a delegação são-borjense. Um dos momentos mais marcantes, segundo ele, foi ter estado ao lado dos colegas Lucca e Yuri, meninos trans e estudantes do ensino médio integrado ao técnico em eventos do IFFar. “Hoje, eu me coloco nesse lugar de representação com o desejo de, no futuro, vê-los me representando também, pois me vejo neles, e espero que eles também possam se ver em mim. Esse ciclo de inspiração é o que fortalece nossas lutas e constrói espaços mais seguros e diversos para todos nós”, compartilha.

Na avaliação do estudante, o protagonismo juvenil, especialmente de corpos que rompem com a cisheteronorma, é fundamental. “Estar nesses espaços é uma forma de dizer que nossas vozes importam, que temos direito de participar dos debates que nos afetam diretamente e que podemos construir coletivamente. Ver jovens ocupando esses lugares mostra que é possível, e mais do que isso, é necessário”.

Agora, Fernando se prepara para um novo desafio: representar o Rio Grande do Sul na 4ª Conferência Nacional LGBTQIA+, prevista para ocorrer entre os dias 21 e 25 de outubro, em Brasília.

Cultura, memória e juventude no centro do debate
Além da atuação no movimento LGBTQIA+, Fernando também lidera iniciativas culturais no município. Um dos projetos, financiado com recursos da Lei Aldir Blanc e com apoio da Prefeitura Municipal, propõe a criação de um roteiro LGBTQIA+ que valorize histórias silenciadas da cidade. Inspirada em uma disciplina do curso e nas ações desenvolvidas pela professora Priscyla Christine Hammerl, a pesquisa busca dar visibilidade às trajetórias que sempre existiram, mas raramente foram contadas.

“A gente só vê a história normativa, de quem teve o poder, o dinheiro, de uma elite branca e heterossexual. Mas há outras histórias que atravessam essa cidade”, afirma o estudante. A proposta prevê a produção de materiais educativos voltados a escolas e instituições de saúde, promovendo conhecimento e respeito às diversas identidades que compõem a história local.

O reconhecimento das gerações anteriores é um dos pilares da pesquisa. “Se hoje a gente pode existir durante o dia, é porque essas outras pessoas viveram esses espaços”, lembra Fernando, que pretende transformar o projeto em ações práticas, como cartilhas, exposições fotográficas e formações para educadores.

Um segundo projeto, também coordenado por jovem e pela estudante de Física Jazz Ferreira da Rosa Martinez, prevê a realização de um evento na Praça da Lagoa, com apresentações artísticas de pessoas LGBTQIA+ e rodas de conversa com profissionais da saúde, educação e assistência social. “Queremos criar um espaço de escuta e de troca. É uma forma de ocupar a cidade de dia, com orgulho, com arte e com cidadania”, resume.

Fernando e Jazz, alunos do IFFar - Campus São Borja
Fernando Farias e Jazz Martinez, agentes culturais de São Borja, são estudantes dos cursos de Gestão em Turismo e Física no IFFar – Campus São Borja. Foto: Andriel Martinez | Ascom/IFFar-SB

IFFar como território de pertencimento e transformação
Essas ações, que partem das salas de aula e alcançam os espaços públicos, expressam o papel transformador do IFFar na vida de seus estudantes. Além do que oferecer ensino técnico, a instituição tem se consolidado como um território de pertencimento, onde diversidade, pesquisa e protagonismo se entrelaçam.

“A gente só quer mostrar que nossos corpos existem, produzem conhecimento, fazem cultura e também pensam políticas públicas”, defende Fernando.

Para a professora Priscyla Christine Hammerl, docente e coordenadora da pesquisa que inspirou Fernando, explica que iniciativas como essa reafirmam a missão do IFFar de promover uma educação pública e gratuita, comprometida com a diversidade. “O protagonismo estudantil que vemos aqui é construído em diálogo, em convivência e com apoio institucional. A diversidade, nesse contexto, não é um tema à parte, mas parte do nosso compromisso com a formação cidadã”, salienta.

Entre falas, fotografias e ocupações simbólicas, Fernando e seus colegas seguem desenhando um futuro em que a memória LGBTQIA+ não seja apenas lembrada, mas vivida, contada e respeitada. E é com essa voz — firme, sensível e coletiva — que São Borja se faz presente na construção de um Rio Grande do Sul mais justo, plural e democrático.

Secom
Texto: Rômulo Tondo, jornalista
Colaboração: Andriel Martinez, estagiário da Ascom do IFFar – Campus São Borja

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