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Orgulho todos os dias: o que o NUGEDIS ensina sobre respeito e cidadania

Publicado em Sábado, 28 de Junho de 2025, 06h00 | por Secretaria de Comunicação | Voltar à página anterior

No mês do Orgulho LGBTQIAPN+, ações do NUGEDIS no IFFar - Campus Panambi mostram como o letramento de gênero pode transformar o ambiente escolar em um espaço de respeito, permanência e cidadania.

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Mural desenvolvido pelos estudantes em oficina do NUGEDIS sobre tratamento de gênero.

No campus Panambi, a luta por respeito às diferenças não se limita ao mês de junho. Ela é cotidiana, humanizada e, ao mesmo tempo, profundamente transformadora. Por meio de rodas de conversa, escutas sensíveis, campanhas educativas e ações formativas, o Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual (NUGEDIS) tem protagonizado um movimento pedagógico firme e contínuo, comprometido com a inclusão e a valorização da diversidade sexual e de gênero.

Criado em 2016, o núcleo se consolidou como um espaço de referência para estudantes, professores e técnicos. Suas ações ganharam fôlego em 2023 com o projeto de ensino "Gênero e Diversidade: vamos falar sobre isso?", coordenado pela professora Mônica de Souza Trevisan. No mês em que se celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, o trabalho coletivo do NUGEDIS é mais uma vez lembrado como exemplo de educação que acolhe, protege e transforma.

Letramento de gênero: entender, escutar e agir

Entre os principais eixos de atuação do NUGEDIS do campus Panambi está o letramento de gênero, uma prática educativa que vai além da simples transmissão de conceitos. Trata-se de desenvolver nos estudantes a capacidade crítica para lidar com questões relacionadas à identidade de gênero, sexualidade e suas interseccionalidades, reconhecendo os efeitos que o sistema de normas de gênero impõe sobre diferentes corpos e trajetórias.

Longe de ser algo puramente teórico, o letramento de gênero é entendido no campus como uma ferramenta concreta para reduzir preconceitos, combater estigmas e construir relações mais respeitosas no ambiente escolar. “Sensibilizar pares e alunos sobre essas temáticas ainda é um desafio. Precisamos justificar constantemente o quanto elas são fundamentais para a permanência e o êxito dos nossos estudantes”, explica a professora Mônica. “As resistências existem, mas seguimos reforçando a importância das ações”, complementa.

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Oficina de letramento de gênero ocorrido no Campus Panambi.

Escuta ativa e rodas de conversa com estudantes

Uma das frentes mais visíveis do projeto foram as rodas de conversa com turmas do Ensino Médio Integrado, realizadas em parceria com professores das áreas de Biologia e Sociologia. Os encontros trataram de temas como sexo biológico, identidade de gênero, orientação sexual, violência contra pessoas LGBTQIAPN+ e as representações sociais que sustentam o modelo binário.

Para a professora Rafaelle Ribeiro Gonçalves, integrante do NUGEDIS, essas ações são fundamentais para criar espaços de fala e escuta. “Acreditamos que o letramento de gênero auxilia os estudantes a sentirem-se representados, acolhidos e respeitados. Assim, o ambiente escolar se torna mais seguro. Existem sim mudanças perceptíveis. Entretanto, não podemos romantizar. São temas sensíveis, que mexem com vivências que os estudantes carregam, muitas vezes, de casa”.

Segundo Rafaelle, parte dos desafios ainda está dentro da própria Instituição. “Mesmo com uma trajetória estabelecida, uma das maiores dificuldades é a resistência de alguns colegas servidores. Por vezes, eles não compreendem a importância do trabalho. Contamos com o apoio da gestão e criamos estratégias para atuar, mesmo em espaços com pouca receptividade”.

Quando o estudante também ensina

Para João Henrique do Amaral Guerreiro, estudante de Ciências Biológicas e bolsista do projeto, participar do NUGEDIS foi um divisor de águas. Ele esteve envolvido diretamente nas ações e também colaborou na produção do capítulo “Letramento de Gênero e Inclusão: elementos e incoerências do modelo binário atual no ambiente escolar”, publicado na obra "Caminhos para a Não Violência dos Corpos: por uma educação que protege" (Unijuí, 2025).

“Enquanto acadêmico de licenciatura, participar do Núcleo agregou imensamente à minha formação docente. Essa vivência me proporcionou uma visão mais humanizada da educação, ampliando meu entendimento sobre as limitações presentes no ambiente escolar e sobre como lidar com elas de forma acolhedora e sensível”.

João relata que a escrita do capítulo surgiu de forma espontânea, a partir das experiências vividas com os estudantes. “Foi uma oportunidade de relatar, de forma reflexiva, o que vivi em sala de aula e no Núcleo. Transformar essas vivências em texto foi uma maneira de reafirmar que a luta por respeito às diferenças não precisa ser solitária”.

Ao lembrar das rodas de conversa, João recorda momentos marcantes. “Já presenciei inúmeras falas misóginas, homofóbicas e racistas. Percebi que isso não estava conectado com o desempenho e comprometimento acadêmico dos estudantes. Mas houve uma turma em especial que me marcou pelo posicionamento das meninas. Elas se sentiram encorajadas a se manifestar, relataram atitudes dos colegas que as incomodavam e falaram sobre como aquilo as remetia à forma como eram tratadas dentro de casa pelos pais. Não queriam reviver isso na escola”.

Para ele, esse tipo de escuta transforma o ambiente. “Quando alguém se sente ouvido, as barreiras começam a cair. A gente passa a enxergar o outro não apenas como aluno ou aluna, mas como sujeito de direitos”.

Da escuta à política institucional

Além das ações pedagógicas e das publicações acadêmicas, o NUGEDIS coordenou em 2023 uma pesquisa para mapear os perfis de identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico dos estudantes do campus. Os dados devem subsidiar políticas internas, ações de acolhimento e práticas pedagógicas mais inclusivas.

“Consolidar um núcleo como o NUGEDIS é reafirmar o compromisso da instituição com a democracia, com o acesso à educação de qualidade e com a formação cidadã”, defende a professora Mônica Trevisan. “A nossa sociedade ainda é estruturalmente machista. Reconhecer isso é fundamental para seguir lutando contra a exclusão e por mais inclusão”, destaca.

Rafaelle completa: “Todos, todas e todes devem ser respeitados em suas diferenças. O papel da educação pública é justamente esse: garantir que ninguém seja deixado para trás”.

A luta que não é solitária

Para João, a participação em projetos de extensão como esse é também uma forma de se preparar para o mundo. “É fundamental que estudantes estejam envolvidos nessas ações. Elas ampliam nossa compreensão da realidade e nos preparam para os desafios da escola e da vida. Além disso, nos tornam mais atentos aos silêncios, aos preconceitos e às exclusões que muitas vezes se escondem no cotidiano”.

E deixa uma mensagem para quem deseja se engajar: “Não tenham medo de ocupar esses espaços e de se posicionar. A participação em ações de extensão e núcleos de diversidade nos fortalece coletivamente. Cada pequena atitude pode gerar uma grande transformação”.

Secom

 

Este conteúdo foi inspirado nas ações desenvolvidas pelo NUGEDIS do IFFar – Campus Panambi e no capítulo “Letramento de Gênero e Inclusão: elementos e incoerências do modelo binário atual no ambiente escolar”, escrito por professores e estudantes pertencentes ao Núcleo e publicado na obra Caminhos para a Não Violência dos Corpos: por uma educação que protege (Unijuí, 2025).

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