Entre fórmulas e sonhos: estudante do IFFar transforma paixão pela Química em trajetória olímpica
Apaixonado por números desde a infância, Gabriel Silveira, estudante do IFFar – Campus Frederico Westphalen, transforma o gosto pelos desafios em uma trajetória de conquistas nas olimpíadas do conhecimento. Aos 16 anos, já soma mais de 20 medalhas e inspira outros jovens a sonhar alto.
Foi entre uma equação e outra que Gabriel Renato de Souza Silveira descobriu mais do que uma afinidade com os números: encontrou um projeto de vida. Estudante do segundo ano do Ensino Médio integrado ao curso Técnico em Informática do IFFar – Campus Frederico Westphalen, ele soube desde cedo que aprender vai muito além de decorar conteúdos. É sobre desafio, superação e, principalmente, paixão. A mesma que o motiva desde os 10 anos de idade, em 2019, quando conquistou sua primeira medalha de ouro na Olimpíada Canguru de Matemática.

Parte das mais de 20 medalhas conquistadas por Gabriel em olimpíadas do conhecimento desde 2019.
De lá pra cá, a participação em competições aconteceu como um processo natural. Hoje ele coleciona mais de 20 prêmios em competições diversas como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) e a Olimpíada Brasileira de Química (OBQ). Para Gabriel, essas competições são mais do que provas, fazem parte de um processo de formação ampliada. “As olimpíadas desenvolvem nosso raciocínio lógico, pensamento crítico, além de habilidades específicas de cada área, permitindo um maior domínio sobre os conteúdos”, explica.
Mas, apesar de ter começado pela matemática, e de ter se destacado em diferentes matérias, foi com a química que Gabriel mais se conectou. No entanto, não foi amor à primeira vista. Só depois de aceitar o desafio de estudar para as etapas estaduais e nacionais da Olimpíada de Química, no final de 2023, é que ele percebeu que havia ali algo especial. Mergulhou nos livros, nas videoaulas, nos exercícios e se encantou. “Química é uma matéria muito complexa, e quem diz o contrário está mentindo. Então, o que vai definir se o aluno gosta ou não da disciplina é a forma como teve contato com ela, o modo como estudou e a aula que teve”, conta.
Desde então, ele passou a se dedicar à disciplina com afinco. Estudou com os livros de Ricardo Feltre e Peter Atkins e, para as seletivas internacionais, aprofundou-se em autores clássicos do ensino superior como Douglas Skoog e Paula Bruice.
Mas o caminho até o domínio da química não foi simples. Algumas áreas ainda o desafiam, como a Química Analítica, que envolve cálculos complexos e pouca prática experimental. “É uma parte de que muitos alunos gostam, mas que para mim ainda é difícil. Quando comecei a estudar, estava de férias, sem acesso a laboratório, e acabei ficando só na teoria. Os cálculos se tornaram monótonos”, relembra. Para superar isso, Gabriel organizou uma rotina que equilibra os estudos regulares com a preparação para as olimpíadas, utilizando provas anteriores, fichamentos e leituras específicas para driblar as dificuldades.
E os resultados vieram: em 2024 conquistou a medalha de prata na fase estadual da Olimpíada Brasileira de Química, destacando-se entre os melhores do Rio Grande do Sul.

Gabriel (à dir.) durante a premiação da Olimpíada de Brasileira de Química - etapa do Rio Grande do Sul 2024.
A performance garantiu a Gabriel uma vaga na Etapa III das Seletivas da Olimpíada Internacional de Química (IChO), o que recentemente o levou a um curso preparatório intensivo em São Paulo, com aulas teóricas e laboratoriais na Universidade de São Paulo (USP). Foram duas semanas de imersão, custeadas pela organização do evento, ao lado de outros 23 estudantes de todo o Brasil.
Aos 16 anos e ainda no segundo ano do ensino médio, Gabriel foi um dos mais jovens selecionados, o que dificultou sua classificação para a próxima etapa da competição. Mas a experiência, segundo ele, foi valiosa: “Conheci pessoas, lugares e conteúdos que vão ficar comigo para sempre”, afirma, já pensando na preparação para o próximo ano.
Nesse processo todo, o IFFar teve um papel fundamental ao fornecer a base técnica e acadêmica para que Gabriel pudesse explorar seu potencial. “O IFFar contribuiu muito para que eu me desafiasse e conseguisse resultados cada vez melhores, desde os professores mais exigentes até a parte técnica do curso, e também pela possibilidade de fazermos e participarmos de projetos”, conta Gabriel. Hoje, junto de seus professores orientadores e de outros estudantes, ele organiza um projeto de ensino para liderar a preparação olímpica no campus, incentivando e apoiando outros alunos na jornada do conhecimento.

Gabriel (centro) na Premiação da 17 OBMEP ao lado dos coordenadores regionais do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC).
O professor de Química do campus, Jairo Manfio, há cerca de dois meses acompanha de perto o desempenho do estudante e destaca seu diferencial: “O Gabriel tem um talento especial para aprender e um particular interesse em química.
Para o futuro, Gabriel não vê limites. Sonha em cursar Relações Internacionais e, ao mesmo tempo, seguir na área das exatas, em Química ou Astronomia. Para isso foca em universidades estrangeiras. Seu plano ideal seria estudar nos Estados Unidos, aproveitando o modelo de double major (dupla especialização), que permite unir duas graduações distintas em paralelo. Se não for possível, tem a USP como segunda universidade em potencial.
E mesmo após a graduação, suas ambições seguem múltiplas, quer atuar na diplomacia internacional e, em seguida, consolidar uma carreira acadêmica como professor e pesquisador. “Quero estar sempre dentro do ambiente universitário, pesquisando e ensinando”, afirma.
Aos colegas mais novos Gabriel deixa uma mensagem de incentivo: “Nem sempre consegui de primeira os resultados que queria. Mas nunca desisti. Aprendi com os erros e continuei tentando. Estudar é sobre descobrir o quão mágico uma matéria pode ser. E as olimpíadas abrem portas que a gente nem imagina".
Secom
Redação: Daniele Vieira - Estagiária de Jornalismo
Revisão: Rômulo Tondo - Jornalista
Colaborador: Elisandro - Relações Públicas
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