Escravidão, resistência e abolição em Alegrete é tema de palestra na Reitoria
O IF Farroupilha promoveu uma palestra com o tema "Escravidão, resistência dos escravizados e abolição no Alegrete oitocentista" nesta quarta-feira (27), às 14h, no Auditório da Reitoria, em Santa Maria. A atividade fez parte do Mês da Consciência Negra.
Foto: o servidor do IFFar - Campus Alegrete, Márcio Sônego, pesquisa a temática da escravidão no curso de doutorado, na UFSM
A palestra faz parte da programação do mês da Consciência Negra no IFFar. Além dela, também foram promovidas uma apresentação de capoeira e a exposição fotográfica "Negras e negros na cultura, na ciência e nos movimentos sociais", que ficou na entrada da Reitoria do IFFar, em Santa Maria, até quarta-feira (27).
A palestra "Escravidão, resistência dos escravizados e abolição no Alegrete oitocentista" foi ministrada pelo servidor do IFFar - Campus Alegrete, Márcio Jesus Ferreira Sônego. Ele é historiador e pesquisa temas relacionados a escravidão em Alegrete no século XIX. Atualmente, Márcio Sônego é presidente do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros e Indígenas (NEABI) e foi Coordenador de Ações Inclusivas do campus.
De acordo com Márcio Sônego, a historiografia tradicional muitas vezes tenta diminuir a escravidão ocorrida em Alegrete, alegando não ter existido ou ter sido "leve", sem conflitos. Durante a palestra, o historiador mostrou documentos que comprovam a existência da escravidão e a ocorrência de conflitos entre escravizados e proprietários de terra no município.
Ele também lembrou que, apesar das pessoas escravizadas terem sofrido muita violência, elas não foram apenas sujeitos passivos, mas tiveram papel fundamental de resistência e luta. Entre as formas tradicionais de resistência à escravidão estavam a fuga para quilômbos, suicídio e insurgência contra os senhores. Todas estas formas ocorreram em Alegrete, conforme documentos mostrados pelo servidor do IFFar.
Para Márcio Sônego, o fim da escravidão no Brasil foi mais um processo de emancipação do que de abolição, pois, segundo o pesquisador, os abolicionistas pregavam o fim imediato da escravidão e o pagamento de indenizações para as pessoas escravizadas. Pelo contrário, o fim da escravidão no Brasil se deu através de um processo lento, gradual e com pagamento de indenizações aos proprietários de escravos.
Por fim, Márcio lembrou do papel fundamental dos negros no fim da escravidão. Pessoas negras como José do Patrocínio e Luiz Gama atuaram e foram decisivos para a libertação dos escravos. Este último, por exemplo, atuou como uma espécie de advogado antes da Lei Áurea (publicada em 1888), e conseguiu libertar cerca de 500 pessoas escravizadas baseando-se em legislações emancipacionistas.
A palestra foi promovida pelo Núcleo de Arte e Cultura do IFFar e pelo Projeto Café com Inclusão.
Secom
Redes Sociais