IFFar mapeia práticas educativas para fortalecer a formação docente na Rede Federal
Como a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica tem pensado a formação de seus professores e seus métodos de ensino? Essa é a pergunta que move o projeto “Práticas educativas e formação permanente: ressignificando as investigações na EPT”, desenvolvido no âmbito do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (PROFEPT), do IFFar – Campus Jaguari.

Reuniões do grupo ocorrem de forma virtual/Foto: Divulgação
Conhecer para transformar
Coordenado pelo professor Vantoir Roberto Brancher, o projeto busca mapear e compreender o que vem sendo produzido no Brasil sobre práticas educativas e formação docente, reunindo estudos, dissertações, artigos e experiências desenvolvidas dentro e fora da Rede. A proposta é revisitar essas produções para reconhecer as bases teóricas e metodológicas que têm sustentado o ensino e a pesquisa no contexto da Educação Básica, Profissional, Técnica e Tecnológica (EBPT), ao mesmo tempo em que propõe reflexões sobre os desafios contemporâneos da formação docente.
A iniciativa, segundo Brancher, tem um caráter de projeto “guarda-chuva”, pois abrange diferentes subprojetos desenvolvidos por docentes e discentes do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica em Rede Nacional - PROFEPT, todos voltados à reflexão sobre a prática educativa e o papel formador da docência. A equipe reúne pesquisadores em diferentes níveis de formação, incluindo professores, estudantes de graduação e mestrandos de várias regiões do país. O grupo se encontra semanalmente, de forma virtual, para leituras, discussões e encaminhamentos das pesquisas.
As atividades são desenvolvidas no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas em Formação Inicial e Continuada de Professores – MAGMA, criado em 2010 e também liderado por Brancher. O grupo atua de forma multicampi e multidisciplinar, reunindo professores e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento que compartilham o interesse por investigar e transformar as práticas educativas no contexto da Educação Profissional e Tecnológica (EPT).
Formação permanente e compromisso social
A pesquisa realiza uma revisão bibliográfica, ou seja, um levantamento e análise de livros, artigos e documentos já publicados sobre o tema. Esse tipo de estudo busca compreender o que outros autores e pesquisadores já descobriram, discutiram ou propuseram, servindo de base para aprofundar o conhecimento e orientar novas investigações. Além disso, o projeto pode incluir entrevistas, rodas de conversa e grupos de estudo, conforme a necessidade de cada contexto analisado.
Os princípios que orientam o estudo se apoiam na ideia de formação permanente, um conceito desenvolvido por autores como o pedagogo espanhol Francisco Imbernón. Essa perspectiva entende que a formação docente deve ser um processo de construção contínua, tanto no âmbito individual quanto institucional. “A formação permanente possui o poder de transformação por meio da reflexão crítica acerca das próprias atividades docentes”, destaca o professor Brancher.
A investigação visa fortalecer o papel transformador da educação pública, contribuindo para que professores e instituições repensem suas práticas e se alinhem aos princípios fundadores da Rede Federal: a omnilateralidade (o desenvolvimento do estudante em todas as suas capacidades e dimensões), a politecnia (unir estudo e trabalho e o ensino integral.
“Queremos conhecer o que já foi produzido sobre o tema, quais enfoques e perspectivas têm se dado, para então definir novas frentes de atuação e de pesquisa”, explica o professor. “Nosso projeto não parte de hipóteses, ele se permite conhecer o que existe, compreender as singularidades e descortinar novos fazeres”.
Inspirando novas gerações
Entre estudantes que dão vida ao projeto está a graduanda do curso de Pedagogia EaD do IFFar – Campus Jaguari Luana Kézia Pereira Noronha. Desde setembro de 2023, ela atua como bolsista CNPq de iniciação científica e participa de todas as etapas da pesquisa, do levantamento bibliográfico à análise dos dados.
“No meu dia a dia, realizo leituras de artigos e dissertações, elaboro fichamentos, participo de reuniões e contribuímos com a produção de textos científicos. É um aprendizado constante”, conta Luana.
Durante o processo, a estudante diz ter sido impactada pela forma como as práticas educativas são ressignificadas pelos professores. “Percebi que a docência vai muito além de planejar aulas. Envolve sensibilidade, escuta e a capacidade de se adaptar às necessidades de cada turma. Aprendi que pesquisar é também um ato de curiosidade e de empatia”, afirma.
Para a graduanda, a experiência tem sido uma extensão da própria formação docente. “Posso dizer que é como se fosse uma segunda graduação acontecendo ao mesmo tempo. É impressionante o quanto aprendo com a pesquisa, sobre a educação, sobre mim mesma e sobre o valor do trabalho coletivo”, reflete.
Luana diz que o aspecto mais marcante tem sido perceber o poder da pesquisa como instrumento de transformação. “Participar deste projeto me fez compreender que pesquisar é um ato de compromisso e sensibilidade, que nos desafia a olhar para a educação com mais profundidade. Aprendi que ser educadora e pesquisadora é estar em constante movimento.”

Luana Kézia Pereira Noronha mora em Recife/PE e atua como bolsista do projeto desde 2023/Foto:Divulgação
Redescobrir o próprio caminho
Para Brancher, revisitar as produções da Rede Federal é também uma forma de entender a si mesma: “A Rede é relativamente jovem. Saber o que temos feito como pesquisadores e professores ajuda a compreender quem somos e os caminhos que ainda precisamos trilhar”.
Os resultados já começam a aparecer. Com o mapeamento das dissertações, o grupo identificou a predominância de pesquisas voltadas ao desenvolvimento educacional e social, com foco na formação integral dos estudantes e na valorização do trabalho docente. As produções abordam temas como ensino-aprendizagem, currículo, tecnologia educacional, políticas públicas e inovações metodológicas. Também se destacam práticas educativas integradoras, centradas no aluno, com ênfase na escuta, no apoio emocional e na formação humanizada.
Para os próximos passos, Brancher espera encontrar programas e projetos que respeitem os saberes dos professores e estejam articulados aos objetivos da Rede Federal. “Precisamos constantemente nos perguntar por que fomos criados e qual nosso papel social. A pesquisa deve ser, sempre, um princípio educativo e um caminho para uma sociedade mais humana e inclusiva”.
E para quem quiser conhecer de perto, ou até participar das ações, o professor deixa o convite: acompanhar as atividades do grupo no Instagram. “Nosso projeto é um espaço de troca, reflexão e aprendizado. É para quem acredita na pesquisa como caminho de transformação – da educação e da própria vida”, resume.
Secom
Redação: Daniele Vieira - estagiária de Jornalismo
Revisão: Rômulo Tondo - Jornalista
Coordenador de conteúdo: Elisandro Coelho - Relações Públicas
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